Inteligência Artificial e Direito: como esses dois mundos se conversam?
A Inteligência Artificial chegou ao Direito. Os tradicionais processos em papel, as procurações redigidas uma a uma, o controle dos processos e tantas outras atividades da rotina jurídica têm encontrado, com o apoio da tecnologia, mais agilidade e produtividade, num segmento tradicionalmente conhecido por suas burocracias e falta de celeridade.
Assim como muitos segmentos da economia já estão se deparando com essa transformação, o Direito também tem identificado novas formas de viabilizar essas tarefas. Tecnologias como Machine Learning tem permitido a automatização de tarefas burocráticas e repetitivas, que tomavam tempo de profissionais do Direito, para permitir que esses foquem no viés estratégico dos processos e de suas rotinas.
Controle e acurácia
Isso é possível graças a tecnologia de leitura inteligente de documentos, que consiste na capacidade da máquina de reconhecer padrões, entendê-los e organizá-los de acordo com as informações extraídas. Desta maneira, contratos podem ser automaticamente preenchidos, sem a necessidade de uma pessoa capturar esses dados a partir de documentos, digitá-los e formalizá-los no documento. A adoção da tecnologia reduz a probabilidade de erro, seja de coleta da informação ou digitação, e permite que essa mesma tarefa seja realizada por uma máquina de uma forma mais simples.
Além da automação, a própria gestão desse documento pode ser feita com o apoio de sistemas inteligentes, capazes de controlar prazos e fazer inferências para apoiar o profissional do direito no andamento dos processos.
Gestão da informação
Repleto de fontes e bases distintas de informações e com grande volume de dados relevantes em todas elas, o universo jurídico tem encontrado nos sistemas inteligentes uma forma de facilitar o acesso e a compreensão desse volume de informações através de crawlers, jurimetria e analytics.
Essas plataformas fazem a análise de dados do segmento jurídico e permitem, a partir da organização dessas informações, munir o profissional do direito com dados estratégicos para suas atividades. Dado volume de informações disponíveis nos tribunais, essa seria uma tarefa sobre-humana para ser realizada por uma pessoa sem o apoio de softwares.
A inovação das startups
Essas inovações chegaram ao mercado especialmente com o avanço das startups nessa área. As conhecidas lawtechs – que referem-se a startups que ofertam soluções para os clientes finais – e as legaltechs – que trazem soluções para profissionais do direito – têm encontrado oportunidades nesse segmento que acumula mais de 80 milhões de processos judiciais em andamento, sem considerar as oportunidades relacionadas à conciliação e outras atividades que permeiam esse universo.
Para Patricia Magalhães, CEO da NeuralMind, legaltech de Campinas-SP que desenvolve soluções para automação da análise de documentos jurídicos diversos, as técnicas de inteligência artificial podem dar vantagens competitivas expressivas a escritórios e departamentos jurídicos de empresas por proporcionarem aumento expressivo na produtividade, minimizando erros e permitindo aos advogados terem mais tempo para se concentrar na estratégia dos caso. “As soluções de inteligência artificial permitem tanto aumento de escala quanto maior assertividade”, aponta.
Está preparado para essa revolução? No próximo artigo, vamos discutir o papel do profissional do Direito nessa transformação.