Legal design: o que é e como implementar
Basta perguntar a qualquer pessoa que não tenha escolhido o Direito como profissão, qual a complexidade de interpretar novas legislações, contratar serviços jurídicos e utilizar as normas legislativas de modo estratégico, para compreender a importância do Legal Design para a esfera jurídica. Afinal, até mesmo advogados e juristas compreendem os desafios inerentes ao ofício.
Figurando entre as novidades do Direito 4.0, o Legal Design é uma mentalidade e um método que une as áreas de design, inovação, tecnologia e direito buscando encontrar novos caminhos para o desenvolvimento de soluções jurídicas que sejam focadas nas pessoas que fazem uso da lei e precisam encontrar, contratar e utilizar informações de cunho legal.
Se durante séculos a figura central do universo jurídico eram os advogados e juízes, por exemplo, agora são os clientes, colaboradores, cidadãos e stakeholders os grandes protagonistas e detentores da atenção, cuidado e esforços do legal design.
Como surgiu o legal design
Inspirado no Design Thinking, que tem como figura principal o usuário, além de princípios como a cocriação, abordagem holística e a comunicação, o legal design toma como base grande parte desses pilares e se concentra em tornar a esfera jurídica mais acessível, humana e satisfatória. Em linhas gerais, trata-se de um fundamento que busca desburocratizar serviços e produtos de origem legal, fazendo com que estes alcancem um número cada vez maior de pessoas.
Por essa razão, o legal design é considerado uma mentalidade e um método ao mesmo tempo, pois como veremos mais adiante, é possível implementá-lo seguindo apenas algumas etapas. Entretanto, é fundamental que advogados e juristas desenvolvam uma mentalidade que enxerga primeiro os usuários da lei e também seja capaz de atuar de forma colaborativa com outras equipes da organização.
Como a prática do legal design se popularizou
Embora seja comum associar o legal design somente às novas tecnologias para direito, é importante ressaltar que trata-se de um conceito que vai além e que acompanhou a movimentação global do mercado.
Como exemplo, basta observar o impacto e as transformações provocadas por fintechs como o Nubank, que adentraram no setor financeiro com a premissa de simplificar, otimizar e melhorar o relacionamento entre as pessoas e instituições financeiras. Para isso, combinaram tecnologia, inovação e integração entre diferentes áreas como design, produto e marketing. O resultado não poderia ter sido mais positivo: atualmente o Nubank já conta com milhões de usuários espalhados pelo mundo e ano após ano, vem aumentando sua participação e valor de mercado.
Do mesmo modo, o legal design vem apoiando-se na tecnologia de ponta, como a IA legal, para desenvolver soluções inovadoras e revolucionar o universo jurídico, mostrando para cada vez mais pessoas a importância do direito por meio de produtos e serviços mais amigáveis e com melhor usabilidade e experiência.
Além disso, o legal design também já faz parte da grade curricular de renomadas universidades como Stanford, que criou o Legal Design Lab: um laboratório especial para que os alunos possam desenvolver e formar, junto com uma equipe multidisciplinar, uma nova geração de produtos, serviços e líderes jurídicos. O que comprova que o legal design será um princípio inerente à formação e atuação dos novos profissionais.
Os benefícios do legal design
Seja dentro de empresas ou na rotina de escritórios de advocacia, o legal design proporciona diversos benefícios, dentre os quais os principais são:
Maior conexão entre usuário e advogado
Seja para tirar dúvidas ou contratar um serviço jurídico, os maiores entraves encontrados pelos usuários são as terminologias presentes em contratos, termos de uso e leis e, em muitos casos, a postura do profissional de direito que não consegue simplificar essas informações, acaba por afastá-los de potenciais clientes.
Com o legal design, os advogados atuam em parceria com as equipes de design e comunicação para, além de ofertar serviços mais acessíveis, se aproximar e se conectar de modo mais profundo e empático com seus clientes.
Comunicação assertiva
Por envolver diversas áreas do negócio, o legal design também unifica a comunicação organizacional de forma interna e externa. O que contribui para que os valores e propósito do escritório ou da marca sejam comunicados de modo mais assertivo e inovador.
Integração entre diferentes áreas
Como mencionamos anteriormente, o legal design coloca os profissionais do setor jurídico ao lado de diferentes equipes como design, comunicação, marketing, compliance, recursos humanos, dentre outros. O trabalho integrado é extremamente benéfico para escritórios e organizações, pois aumenta o engajamento da equipe e garante melhores resultados.
Resolução de problemas
A curva de aprendizado e assertividade nas respostas frente aos desafios da jornada é muito maior e mais rápida entre os escritórios e empresas que fazem uso do legal design. Além disso, a identificação e implementação de melhorias também acontece de forma mais ágil e eficaz nessas equipes.
5 etapas para implementar o legal design
Antes de iniciar o processo de implementação do legal design, é fundamental formar um time multidisciplinar com advogados, juristas e profissionais de diferentes áreas da companhia ou do escritório. Quanto mais diversa e preocupada essa equipe for em encontrar soluções focadas no usuário, melhores serão os resultados obtidos.
Além disso, lembre-se que o legal design apoia-se, entre outros, no uso da tecnologia como facilitadora e parte principal do desenvolvimento de soluções centradas no cliente. Por essa razão, procure pesquisar e aderir ao uso de softwares e plataformas que possam viabilizar e tornar mais eficiente as etapas que apresentaremos a seguir.
Para a área jurídica, que sempre trabalha com um alto volume de dados, recomendamos a procura por plataformas que utilizem a Inteligência Artificial, como é o caso do NeuralSearchX: uma plataforma de busca corporativa desenvolvida pela NeuralMind, uma Deep Tech brasileira. Devido a sua capacidade de processar documentos complexos, o NeuralSearchX é extremamente útil para agilizar e simplificar processos em escritórios jurídicos. Para saber mais, basta clicar aqui.
1) Descoberta
Na primeira etapa, advogados, designers e demais profissionais que formam a equipe de legal design se unem para descobrir diferentes formas de resolver uma dor latente para o negócio utilizando design, inovação, tecnologia e direito.
2) Interpretação
Durante a primeira fase para implementação, muitas respostas serão descobertas. Para avançar, é preciso interpretá-las, buscando selecionar as melhores opções, além de reduzi-las a uma única frase.
3) Ideação
Nessa etapa, o time multidisciplinar escolhido deve soltar a criatividade para encontrar formas de resolver os desafios identificados nas etapas anteriores. É importante ressaltar que a ideação é um momento livre em que não existem ideias certas ou erradas, por isso, a equipe deve fugir de padrões e métodos que não costumam apresentar bons resultados.
4) Experimentação
Após a ideação, é preciso escolher qual ideia é mais factível para que seja possível desenvolver um protótipo para “experimentá-la”. Colocar esse modelo em prática é fundamental para identificar pontos de melhoria e fazer todas as correções necessárias.
5) Evolução
A última etapa para colocar o legal design em prática consiste na percepção e na troca diária entre a equipe para identificar e trabalhar na evolução da solução lançada a partir do protótipo feito na experimentação.