Direito 4.0: a tecnologia está transformando a área jurídica
Desde os advogados autônomos e escritórios especializados até os profissionais do setor que atuam em empresas de variados segmentos e tamanhos, todos têm se deparado com um novo termo em suas rotinas de trabalho: o Direito 4.0. A nova expressão ganhou força e espaço nos últimos anos, mostrando como veio para ficar e transformar a área jurídica.
Normalmente tida como um nicho tradicional e específico o bastante para resistir a mudanças, a área jurídica vive um momento extremamente novo e repleto de oportunidades tanto para os profissionais já atuantes, quanto para os que aspiram uma carreira na área. Toda essa transformação é fruto dos impactos ocasionados pela disseminação dessa nova esfera do Direito.
O que é Direito 4.0?
Para responder a essa pergunta é preciso dar um passo para trás para ampliar o cenário que contribuiu e culminou em tantas mudanças no ambiente jurídico dentro de um curto espaço de tempo.
Desde a chamada Terceira Revolução Industrial, que começou a apresentar para o mundo novas perspectivas em relação ao potencial da tecnologia para facilitar e transformar profundamente os hábitos da sociedade, o mundo todo tem experimentado uma reinvenção em práticas, métodos e meios de se relacionar, se comunicar, trabalhar e conviver.
Compreender esse panorama é fundamental para entender a extensão do Direito 4.0: uma nomenclatura que abarca toda a automação de processos, inovação e integração com novas tecnologias que preconizam a melhoria e aumento da produtividade dos profissionais da área jurídica.
Embora a definição do termo pareça simples, seus desdobramentos têm se mostrado cada vez mais amplos a ponto de pesquisadores e estudiosos afirmarem que, antes mesmo que o Direito 4.0 seja inteiramente compreendido, o Direito 5.0 já estará dando seus primeiros passos em direção a formação de uma relação complemente intrínseca e indissociável entre Direito e tecnologia.
Em linhas gerais, o Direito 4.0 possibilitou que tarefas dispendiosas, complexas e importantes para o exercício da profissão fossem facilitadas pelo uso de programas e plataformas desenvolvidos especialmente para a realidade da área.
Ainda que para muitos seja sedutora a ideia de se manter firme nas bases jurídicas tradicionais, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Gartner, a expectativa é de que até 2025 o orçamento disponível para o Direito 4.0 seja triplicado. O que demonstra ainda mais a potência e oportunidades do segmento em ascensão.
A história do Direito 4.0
O Direito 4.0 não é uma mera invenção ou termo cunhado apenas para acompanhar as tendências: trata-se de um processo de evolução dentro da área jurídica que teve início com Direito 1.0 e foi se desenvolvendo com o passar dos anos.
Compreender essa gradação é importante não só para conhecer mais do Direito 4.0, como também para se antecipar aos próximos passos do segmento.
Direito 1.0
O Direito 1.0 se concentra no início das atividades jurídicas como as conhecemos. Nesse período, as petições eram redigidas manualmente, para encontrar jurisprudências era necessário dirigir-se a uma biblioteca, o acompanhamento de ações judiciais era mais oneroso, dentre outros fatores que além de contribuir para processos mais longos, também elevava os preços dessa atividade, deixando-a restrita a um público seleto.
Direito 2.0
O Direito 2.0 ganha espaço no mesmo momento em que os primeiros computadores se estabelecem como ferramentas fundamentais para as diferentes rotinas de trabalho.
Com isso, dentro do ambiente legal, algumas praticidades entram em cena tais como a facilidade para redigir uma petição por meio dos editores de texto, a comunicação com os clientes que anteriormente acontecia somente de forma presencial torna-se híbrida graças ao uso dos e-mails, surgem os Juizados Especiais, a busca por jurisprudência se torna mais simples e passa a ser feita nos primeiros motores de busca, dentre outros.
A partir desses avanços, a área jurídica experimenta sua primeira expansão significativa, reduzindo os custos operacionais e tornando-se acessível a um público maior.
Direito 3.0
O período do Direito 2.0 e do Direito 3.0 é marcado pela evolução da tecnologia e pela mudança ocasionada por ela na forma como a sociedade vive e se comporta.
Dentro da área jurídica, essa transformação social se refletiu em mudanças que facilitaram ainda mais o dia a dia dos advogados. Surgem aqui os primeiros programas adaptados para a rotina legal, as assinaturas de processos e contratos passa a ser feita online por meio de plataformas específicas, o Diário Oficial deixa de ser impresso e torna-se apenas virtual, as petições ganham modelos editáveis disponibilizados nos diversos blogs, canais e perfis especializados no assunto.
Além disso, é possível observar ainda nesse período, a fusão entre o Direito e diferentes áreas como o Marketing Digital.
Direito 4.0
O espaço de tempo entre o Direito 3.0 e o Direito 4.0 é bastante curto, com menos de dois anos, reflexo dos avanços cada vez mais velozes da tecnologia.
Neste novo cenário, a Inteligência Artificial é a grande protagonista por trás das mudanças no setor jurídico, que passa a adotar aplicativos, programas e soluções robustas para analisar a grande quantidade de dados e informações processuais de modo a facilitar a estratégia e a tomada de decisões dos advogados.
É importante ressaltar que para além dos avanços tecnológicos, a pandemia de Covid-19 também trouxe incrementos para o setor, abrindo espaço para negociações e audiências virtuais, além de popularizar a profissão, que se viu com alta demanda ocasionada pelo aumento de número de divórcios e divisões de bens, por exemplo.
A diferença entre Direito Digital e Direito 4.0
Além do Direito 4.0, o Direito Digital também entrou em voga nos últimos tempos e por isso é preciso destacar os aspectos que diferenciam os dois termos, visto que não se trata de um conjunto de sinônimos.
Enquanto o Direito 4.0 se concentra nas ferramentas que promovem a automação de processos dentro da prática jurídica, o Direito Digital se dedica a analisar e compreender como a tecnologia incorporou-se ao Direito por meio das transformações sociais que provocou.
Basicamente, o Direito Digital examina a necessidade de novas legislações que comportem o novo estilo de vida que é quase que intrínseco à tecnologia e abre espaço para que essas leis entrem rapidamente em vigor. Como é o caso da tipificação do Cyberbullying e a criação da Lei do Stalking, LGPD, Lei Carolina Dieckmann, Lei do E-commerce e até mesmo o Marco Civil da Internet.
Quais os benefícios do Direito 4.0?
Agilidade
Como mencionamos anteriormente, uma das principais vantagens do Direito 4.0 é permitir que os profissionais da área alcancem maior agilidade em suas rotinas de modo a garantir também o aumento de sua produtividade, possibilitando que os especialistas se dediquem a tarefas estratégicas dentro de seus processos e negócios.
Eficiência
A partir da Inteligência Artificial direcionada a área jurídica, já foram desenvolvidos softwares capazes de prever quais as melhores chances e oportunidades para processos, e ainda como essas ferramentas podem “aprender” a replicar sozinhas em novos casos as descobertas feitas. Dessa forma, o Direito 4.0 também atua diretamente para proporcionar maiores índices de eficiência na esfera jurídica.
Satisfação do cliente
Entre as tendências da tecnologia para Direito impulsionadas pelo Direito 4.0, temos o Legal Design, que aplica os conceitos de Design Thinking para melhorar a experiência e a satisfação dos clientes, traduzindo de maneira mais simples a linguagem das tratativas e desdobramentos processuais.
Vantagem competitiva
Juntos, todos esses benefícios ocasionados pela aderência ao Direito 4.0 culminam em vantagem competitiva diante dos demais players do mercado. Isso acontece porque o Direito 4.0 abrange desde as melhorias nos processos e práticas diárias, até o cuidado e atenção no relacionamento com os clientes.
4 tecnologias que estão revolucionando o Direito 4.0
1) Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial aplicada à área jurídica garante não só agilidade e eficiência, como também possibilita a geração de insights assertivos em processos, análise de contratos, dentre outros. Além disso, a IA é capaz de analisar bases de dados complexas e volumosas, o que coloca essa tecnologia ainda mais em evidência diante da área jurídica.
2) Chatbots
Os Chatbots também têm revolucionado o Direito 4.0 especialmente ao facilitar o relacionamento com os clientes. Por meio dessa ferramenta, que é adaptável às mais diversas realidades de negócio, é possível se comunicar de forma clara, objetiva e rápida, seja com potenciais novos clientes ou com aqueles que já possuem processos em aberto.
3) Jurimetria
A Jurimetria nada mais é do que a estatística aplicada ao Direito, sendo responsável por fazer desde a análise de dados até a qualificação e curadoria das informações obtidas. Por meio dessa tecnologia é possível estimar quais as chances de obter resultados favoráveis em processos, bem como prever os impactos de decisões tomadas. Dentro do Direito 4.0 a Jurimetria é fundamental para valorizar a atuação do advogado, pois confere ao profissional ainda mais relevância para seu capital intelectual.
4) Softwares de busca
Os softwares de busca também figuram entre as principais tecnologias que vêm transformando a atuação jurídica. Isso porque com processos, jurisprudências e petições cada vez mais detalhadas, encontrar de forma rápida as informações desejadas para embasar argumentos e apresentar para o clientes, por exemplo, tem sido cada vez mais necessário para ganhar agilidade nas tratativas.
Carreiras ligadas ao Direito 4.0
Além das tecnologias para auxiliar escritórios e advogados, o Direito 4.0 também abriu um leque de novas carreiras para os profissionais da área, conheça algumas delas a seguir:
- Analista de Dados e Jurimetria
- Administrador de Proteção de Dados
- Empreendedor em Legal e Lawtechs
- Líder de Inovação e Tecnologia
- Compliance Pro
- Gerente de Risco
- Gerente de conhecimento
Como se adaptar à realidade do Direito 4.0?
Pesquise
Como mencionamos no início do artigo, especialistas apontam que a transição para o Direito 5.0 será ainda mais rápida do que foi a do Direito 3.0 para o 4.0. Por essa razão, pesquisar constantemente as novas tendências, além de observar a movimentação do mercado jurídico é fundamental para se adaptar de maneira mais tranquila às novidades.
Em sua pesquisa, lembre-se de incluir o acompanhamento de notícias, fóruns, canais, newsletters e perfis especializados no assunto. Quanto mais amplo for o olhar, maiores são as chances de se preparar de forma assertiva para as mudanças na área jurídica.
Busque especialização
Além das pesquisas e do acompanhamento das tendências para o setor, também é necessário buscar por especialização. Ainda que se tratem de temáticas relativamente novas, diversas e renomadas instituições como FGV, Insper e PUC já contam com cursos de extensão ou pós-graduação em Jurimetria, Inovação Jurídica, Legaltechs, Direito Digital, Ciências de Dados Aplicados ao Direito, dentre outros.
Ao se especializar, você não apenas se prepara para as mudanças na área, como também garante maiores chances de se posicionar estrategicamente dentro do mercado jurídico.
Invista em tecnologia
Não podemos finalizar esse artigo sem recomendar o investimento em tecnologia. Seja para os escritórios já consolidados, para profissionais recém formados ou até mesmo grandes empresas que desejam melhorar e ampliar a atuação do setor jurídico, investir em tecnologia é fundamental para chegar mais longe.
Desenvolvido pela NeuralMind, destaque entre as startups brasileiras que utilizam a Inteligência Artificial, o NeuralSearchX é um motor de busca sofisticado e robusto capaz de fazer pesquisas encontrando resultados assertivos em apenas poucos segundos. Escolhido recentemente pelo TCU (Tribunal de Contas da União) como a ferramenta que irá auxiliar a casa na extração de informações processuais, o NeuralSearchX é um sistema intuitivo, fácil de usar e extremamente ágil para realizar tarefas como automatização de consultas jurídicas, localização de normas e procedimentos, pesquisas de processos anteriores, dentre outras atividades.
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