Como a IA pode ajudar no setor da saúde?

19 de nov. de 2025

19 de nov. de 2025

10 minutos de leitura

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A inteligência artificial (IA) evoluiu consideravelmente na última década e vem transformando profundamente diferentes setores da sociedade, da indústria ao varejo, passando pela educação e, cada vez mais, pela saúde.

De acordo com o relatório Artificial Intelligence Index Report 2022, o setor privado global destinou mais de 11 bilhões de dólares em 2021 para projetos de pesquisa e inovação em inteligência artificial aplicada à saúde. Somando os últimos cinco anos, o investimento total chega a 28,9 bilhões de dólares, o que torna a área da saúde o principal destino dos aportes privados em IA, à frente de setores tradicionalmente tecnológicos, como o financeiro e o varejista.

Mas, afinal, como a IA pode, na prática, ajudar o setor da saúde? E o que já está sendo feito nesse campo? Neste artigo, exploramos o potencial, as aplicações e os desafios dessa tecnologia que está mudando a medicina em todo o mundo.


Você verá neste artigo:

  • O que é inteligência artificial e como ela é aplicada no setor da saúde;

  • Principais benefícios da IA para pacientes, profissionais e instituições;

  • Desafios éticos, legais e de privacidade na adoção da IA;

  • Exemplos práticos e tendências futuras da tecnologia na medicina.


Como a inteligência artificial pode ser aplicada no setor da saúde?

De forma geral, inteligência artificial é o ramo da tecnologia que busca criar sistemas capazes de reproduzir processos humanos de raciocínio, aprendizado e tomada de decisão. Por meio de algoritmos e análise de dados, a IA aprende com experiências anteriores e aperfeiçoa continuamente suas previsões e recomendações.

No contexto da saúde, isso significa que a IA pode analisar exames, prever riscos de doenças, sugerir tratamentos e até apoiar decisões clínicas complexas com base em grandes volumes de dados coletados de pacientes, pesquisas e registros hospitalares.

A aplicação da IA nesse campo já é uma realidade em expansão. Suas ferramentas vêm sendo utilizadas para otimizar a gestão hospitalar, auxiliar a realização de procedimentos médicos e a interpretação de seus resultados, e apoiar diagnósticos, tratamentos e triagens.

Diversas são suas aplicações. Aqui, separamos as seis principais formas que a IA vem sendo utilizada no setor da saúde.


  1. Gestão hospitalar e otimização de recursos

A inteligência artificial pode ser aplicada para otimizar tarefas administrativas, como controlar estoque de medicamentos, organizar escalas de profissionais e fluxos de pacientes, monitorar a ocupação de leitos de UTIs e possibilitar o agendamento de consultas de forma automatizada por meio de assistentes virtuais e chatbots.

Segundo o relatório A saúde que vem, desenvolvido pela MAPFRE, esse tipo de automação resulta em processos mais ágeis e eficientes, com redução de custos e melhoria da experiência do paciente.

Além disso, a IA pode analisar históricos médicos e facilitar o gerenciamento de registros, integrando dados de diferentes fontes, algo que beneficia tanto a gestão hospitalar quanto o atendimento direto ao paciente. 

  1. Diagnóstico por imagem e detecção precoce de doenças

Um dos campos mais promissores de aplicação da IA é o diagnóstico por imagem. Algoritmos avançados, treinados com grandes volumes de dados, conseguem analisar radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas e identificar sinais iniciais de doenças com um nível de precisão que, muitas vezes, supera o olhar humano.

Um estudo publicado na revista Annals of Oncology, por exemplo, comparou a capacidade de identificação de câncer de pele por sistemas de IA com a de 58 dermatologistas e revelou que os algoritmos tiveram melhor desempenho na detecção em grande parte dos casos.

Isso é possível porque, enquanto um profissional analisa centenas de exames ao longo da carreira, a IA pode ser treinada com milhões de imagens, aprendendo a reconhecer padrões sutis e raros. Além disso, estudos apontam que, além de aumentar a precisão, a aplicação de IA em diagnósticos contribui para reduzir custos e melhorar resultados clínicos.

Sua capacidade de análise e processamento de dados também faz com que a inteligência artificial possa detectar doenças precocemente ao cruzar as informações do paciente — como sintomas, resultados de exames e histórico médico — com seu banco de dados para detectar riscos e prever surtos de doenças.

  1. Triagem automatizada e apoio à decisão clínica

A triagem é uma etapa essencial do atendimento médico, e a IA já desempenha um papel importante nesse processo. Nesse processo, ao expor suas queixas, a ferramenta, a partir do cruzamento de informações em seu banco de dados, é capaz de orientar o paciente e direcioná-lo para o tratamento mais adequado, além de auxiliar na classificação de risco de casos graves.

Essas tecnologias também auxiliam médicos e enfermeiros na tomada de decisões clínicas, processando prontuários e identificando correlações que poderiam passar despercebidas. Com isso, a IA atua como uma segunda opinião automatizada, oferecendo subsídios que ajudam os profissionais a tomarem decisões mais seguras e baseadas em evidências.

  1. Medicina personalizada e preditiva

Outro avanço impulsionado pela IA é a medicina personalizada, que adapta tratamentos e terapias às características individuais de cada paciente.

Ao integrar informações sobre histórico médico, estilo de vida, genética e hábitos cotidianos, os algoritmos podem prever riscos e recomendar ações preventivas antes que doenças se desenvolvam.

Essa abordagem contribui para reduzir custos com doenças crônicas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, promovendo uma medicina mais preventiva do que reativa. Dessa forma, com o uso de IA, é possível identificar precocemente condições como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, permitindo intervenções proativas e maior eficiência nos tratamentos.

  1. Pesquisa e desenvolvimento de medicamentos

A IA também tem acelerado o descobrimento de novos medicamentos. Seu alto poder de processamento permite analisar grandes bibliotecas de compostos químicos e identificar moléculas com potencial terapêutico promissor, reduzindo significativamente o tempo e o custo de desenvolvimento.

Algoritmos estão sendo desenvolvidos para prever a eficácia e a segurança de fármacos com base na estrutura molecular e nas possíveis interações químicas, o que agiliza o processo de seleção antes mesmo dos testes clínicos.

Além disso, a IA pode identificar pacientes mais propensos a responder positivamente a um tratamento ou ensaio clínico, aumentando as chances de sucesso e otimizando recursos. 

  1. Chatbots e assistentes virtuais de saúde

Os chatbots baseados em IA vêm ganhando espaço em clínicas, hospitais e operadoras de saúde. Disponíveis 24 horas por dia, eles agendam consultas, respondem dúvidas e enviam lembretes de medicação, oferecendo conveniência e agilidade aos pacientes.

Além disso, esses sistemas podem personalizar atendimentos, levando em conta histórico do paciente, preferências de horário e cobertura do plano de saúde.

Com o avanço dos dispositivos vestíveis (wearables) e do monitoramento remoto, a IA também passa a coletar dados em tempo real, ajudando a detectar alterações de saúde precoces e permitindo intervenções proativas.

Os assistentes virtuais de saúde complementam essa tendência ao fornecer informações confiáveis e suporte contínuo, mesmo fora dos ambientes hospitalares. Dessa forma, a IA amplia o alcance do cuidado médico e fortalece a relação entre pacientes e profissionais.


Principais benefícios da IA na área da saúde

O impacto positivo da inteligência artificial na saúde se reflete em todos os níveis do sistema: pacientes, profissionais e instituições.

  • Pacientes:

A IA torna o atendimento mais ágil e preciso, melhorando diagnósticos e aumentando as chances de sucesso nos tratamentos. Além disso, ela permite personalizar o cuidado, criando planos terapêuticos adaptados às condições e ao histórico individual de cada pessoa.

Com o avanço de aplicativos de saúde, wearables e assistentes virtuais, os pacientes são incentivados a acompanhar sua própria saúde, obter informações confiáveis e participar ativamente do próprio cuidado.

  • Profissionais de saúde:

A tecnologia contribui para diminuir a sobrecarga de trabalho, automatizando tarefas administrativas e repetitivas, como preenchimento de prontuários e agendamento de consultas.

Ela também oferece apoio à decisão clínica, fornecendo análises baseadas em dados e evidências atualizadas, o que aumenta a segurança das escolhas médicas, além de favorecer a integração entre equipes multidisciplinares, facilitando o compartilhamento de informações entre diferentes setores e profissionais.

  • Instituições

Hospitais e clínicas se beneficiam com a eficiência operacional propiciada pela IA, que otimiza o uso de recursos e reduz desperdícios. Ferramentas analíticas permitem prever demandas, gerenciar leitos e estoques e planejar escalas de forma inteligente, impactando diretamente os custos e a qualidade do atendimento médico.

A melhoria da gestão hospitalar e a agilidade dos processos refletem-se em uma experiência mais positiva para o paciente, com atendimentos rápidos, precisos e humanizados.

Em suma, a IA contribui para um sistema de saúde mais sustentável, acessível e centrado no paciente, combinando tecnologia e cuidado humano para alcançar resultados mais eficientes e equitativos.


Desafios éticos da aplicação da inteligência artificial no setor da saúde

A inteligência artificial aplicada à área da saúde permite diagnósticos mais rápidos e precisos, auxilia na gestão hospitalar e pode ampliar o acesso à saúde em regiões carentes. No entanto, sua implementação traz desafios éticos e legais complexos, que exigem atenção de todos os agentes envolvidos, desde desenvolvedores e gestores até médicos e pacientes. 

  • Privacidade e segurança de dados sensíveis

O uso de IA na saúde depende de grandes volumes de informações pessoais e clínicas, o que torna a proteção de dados um dos principais desafios. Garantir a confidencialidade, a integridade e o uso ético dessas informações é essencial para manter a confiança dos pacientes.

A conformidade com legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é obrigatória. Falhas nesse aspecto podem gerar violações graves de privacidade e danos irreparáveis à reputação das instituições.

  • Vieses algorítmicos e desigualdades no atendimento

Um dos problemas mais debatidos na adoção de IA em qualquer setor regulado é o dos vieses algorítmicos. Quando os dados usados para treinar sistemas não refletem a diversidade da população, os resultados podem ser distorcidos, afetando diagnósticos e tratamentos.

Estudos mostram que modelos de IA treinados majoritariamente com dados de pacientes de determinados grupos étnicos ou socioeconômicos podem apresentar desempenho inferior em populações sub-representadas, o que amplia desigualdades na saúde da sociedade.

  • Barreiras culturais e técnicas

Além dos aspectos técnicos, há resistência cultural à adoção da IA. Muitos profissionais ainda veem essas tecnologias com desconfiança, seja por medo de substituição, seja por falta de capacitação digital. Investir em formação e letramento tecnológico é fundamental para que a IA seja vista como uma aliada e não uma ameaça no cotidiano hospitalar.

Uma pesquisa do Pew Research Center (2023) revelou que 60% dos pacientes se sentem desconfortáveis com médicos que utilizam IA em suas decisões clínicas, embora 40% reconheçam seus benefícios na redução de falhas. Esse dado evidencia que a confiança ainda na IA ainda precisa ser lapidada.

  • Ética e responsabilidade legal

A aplicação da IA em contextos médicos levanta a questão: quem é responsável quando um erro ocorre — o médico, o desenvolvedor ou a instituição?

Segundo a Dra. Rosália Morais Torres, médica e professora da UFMG, ainda não há consenso jurídico sobre a responsabilidade em casos de falhas de algoritmos sem supervisão humana. Ela ressalta, porém, que a IA não supre o julgamento clínico, e sim o complementa.

A tecnologia, nesse contexto, não substitui médicos e profissionais da saúde, mas sim otimiza os seus trabalhos de forma complementar. Dessa forma, enquanto a IA agiliza análises médicas e facilita diagnósticos, ainda cabe ao médico a decisão final, esta que depende, e deve continuar dependendo, de elementos outros que vão além do que os exames apontam e devem incluir contextos socioculturais que não aparecem neles.


Inteligência artificial na saúde: aliada da medicina do futuro

À medida que a inteligência artificial avança, sua presença na saúde deixa de ser uma possibilidade distante e passa a ocupar um papel importante na construção de um sistema médico mais eficiente, seguro e humano. A tecnologia não substitui profissionais — ela amplia suas capacidades, reduz erros, acelera processos e abre espaço para uma medicina mais preventiva, personalizada e orientada por dados.

Nesse cenário, soluções especializadas desenvolvidas no Brasil têm ganhado destaque, mostrando que inovação em saúde não é exclusividade de grandes centros globais. Um exemplo é o PrioScan, projeto desenvolvido pela NeuralMind e voltado ao apoio do diagnóstico por imagem.

O PrioScan é uma plataforma de inteligência artificial criada para auxiliar médicos na detecção de anomalias em exames de imagem, como radiografias de tórax. A ferramenta utiliza modelos avançados de deep learning para analisar padrões que podem indicar alterações pulmonares. O principal objetivo é a priorização de exames que demandam análise urgente, reduzindo filas e tempos de espera.


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